Aproveitamento Integral de Alimentos - artigo e Livro de receitas
- Beatriz de Aquino
- 27 de jul. de 2022
- 3 min de leitura

Segundo Laurindo; Ribeiro (2014) Apesar de todos os benefícios relacionados
ao aproveitamento alimentar, muitas pessoas ainda desconhecem o valor nutritivo contido nas partes vistas como “menos nobres” dos alimentos. O aproveitamento integral passa de mera utilização de cascas, folhas, talos e brotos para uma prática de consumo consciente dessas partes, tornando-se um exercício da cidadania, das relações e inter-relações entre o homem e o meio ambiente cultural, econômico, nutricional e ecologicamente correto.
Segundo a ONU para Agricultura e Alimentação (FAO) em seu estudo “Perdas alimentares globais e desperdício alimentar” de 2019, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos por ano no mundo, o que equivale a ¼ de todo alimento produzido anualmente, sendo que 850 milhões de pessoas sofrem de desnutrição. Outro estudo da FAO (2014a) aponta que, aproximadamente, metade do desperdício de alimentos no mundo poderia ser evitado. Mais especificamente, as perdas agrícolas globais poderiam ser reduzidas em 47%, e o descarte global de alimentos em 86%. Ou seja, o desenvolvimento de pesquisas em tecnologias para soluções de diversos problemas globais como o citado, poderiam receber avanços significativos caso recebessem os 38% dos recursos energéticos do mundo, que atualmente são utilizados para a produção de alimentos que serão perdidos ou desperdiçados em alguma fase de seu ciclo de produção.
De acordo com o mesmo estudo, 54% das perdas ocorrem na fase inicial da produção – na manipulação após a colheita e no armazenamento e 46% nas etapas de processamento, distribuição e consumo. Na fase do consumo, a falta de conhecimento a respeito do aproveitamento integral dos alimentos é uma das razões, dentre outras tantas, para que o desperdício ocorra.
Por outro lado, estão as iniciativas de redistribuição dos alimentos que seriam descartados para bancos de alimentos, o município de Santo André em 2018 chegou a arrecadar 500 toneladas de alimentos de feiras livres para destinar a entidades e programas sociais. O principal objetivo do projeto é sensibilizar a população e os feirantes quanto ao desperdício de alimentos, bem como destinar o que seria desperdiçado para as famílias que se encontram em situação de insegurança.
Incorporar o conceito Resíduo Zero é ao mesmo tempo, implementar estratégias e um conjunto de ferramentas que busca eliminar o desperdício ao invés de apenas gerenciá-lo. Trata-se de uma mudança de cultura, a partir de maior compreensão das relações entre produção, consumo e valorização dos recursos naturais. Para tanto, são necessários programas e projetos, tais como campanhas educativas públicas e privadas.
Desta forma, promover, demonstrar a importância do aproveitamento integral dos alimentos nos hábitos cotidianos, incentivar o interesse pela busca de usos alternativos aos excedentes de alimentos e promover sensibilização sobre a questão, seja individualmente ou pequenos grupos, seja por meio da organização de cadernos de receitas comunitárias se faz fundamental para as relações sociais econômicas educativas, sobretudo, ecológicas.
Referências Bibliográficas:
BRK Ambiental. Saneamento básico: um guia completo sobre o assunto. Disponível em: https://blog.brkambiental.com.br/saneamento-basico/. Acesso em: 12/07/2020.
LAURINDO, Tereza Raquel; RIBEIRO, Karina Antero Rosa. Aproveitamento integral de alimentos. Interciência & Sociedade, v. 3, n. 2, 2014.
Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/ producao-e-consumo-sustentavel.
Semasa, Prefeitura de Santo André. Água um bem de todos, vamos usar? Cartilha Série Educação Ambiental – Água. Santo André (s/d).
Semasa, Prefeitura de Santo André. Assessoria em Educação Ambiental: Água. Santo André, São Paulo, 2020.
Semasa, Prefeitura de Santo André. Assessoria em Educação Ambiental: Resíduos sólidos. Santo André, São Paulo, 2020.
Semasa, Prefeitura de Santo André. O que acontece com o lixo que sai da nossa casa? Vamos descobrir? Cartilha. Santo André (s/d).
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS (2018) 24º Diagnóstico dos serviços de água e esgoto. Disponível em: http://www.snis.gov.br/downloads/diagnosticos/ae/2018/ Diagnostico_AE2018.pdf. Acesso em 07/07/2020.
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