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A caça e controle populacional dos javalis (Sus scrofa)

Atualizado: 16 de jan. de 2021

Equilíbrio ou vaidade?

Inúmeras questões respaldam o controle populacional dos javalis (Sus scrofa) animais exóticos, de grande dimensão, inseridos de maneira espetacularmente desastrosa no Brasil e que somam prejuízos ecológicos, sociais e econômicos, tanto no estrago que faz na agricultura, quanto nos riscos à saúde pública uma vez que o controle zoonótico é impossível além da reprodução rápida inclusive hibridizando com espécies nativas e domésticas de porcos. O peso e porte destes animais promovem fácil assoreamento de nascentes, a predação de fauna e flora, consumindo animais de pequeno porte diversos silvestres e domésticos e que fazem de sua inclusão nos biomas brasileiros um erro perigoso para a biodiversidade.

Na impossibilidade de supressão e controle por predação natural já que a fauna nativa não possui volume e potencial equivalente para que o equilíbrio se reestabeleça isto não deva ser respaldo ou ancora para liberação da caça.

Historicamente, desde a época do surgimento dos primeiros agrupamentos humanos, caçar sempre foi uma prática intimamente associada à necessidade de alimentação e sobrevivência. Este objetivo inicial foi substituído pelo ego.

Uma vez que o desequilíbrio foi resultado de ação antrópica, somos nós que deveremos nos adaptar e criar mecanismos eficientes de controle da população inserida e restabelecer o equilíbrio ecológico e manutenção da biodiversidade da fauna nativa. Devemos aprender com o erro e criar soluções que não resulte em prejuízo, dor ou abuso para o animal ou o meio.

Questões culturais são relevantes para esta discussão e ainda que haja na atualidade comunidades que se mantem no uso da caça para alimentação, e em sua cultura o escambo, estas questões precisam ser mais bem observadas e estruturadas com medidas para que as comunidades locais compreendam as relações ecológicas que estão inseridas e recebam apoio que subsidiem em práticas sustentáveis e alternativas econômicas.

Num pais em que a fiscalização é ineficaz e a política publica privilegiem interesses das minorias ou que desconsiderem a necessidade ambiental de subsistir, não dá para cogitar qualquer medida de manejo respaldado em caça ou qualquer ferramenta que direta ou indiretamente desprestigie o bem estar animal ou se quer coloque em duvida eficácia no que se refere à biodiversidade.

A caça de subsistência ainda que negada sua existência aqui no Brasil acometa tanto fauna exótica quando autóctone e que nenhuma delas privilegia nem minimamente o controle populacional de Javalis ou qualquer outro aspecto restaurador ecológico.

Inegável é a importância de diálogo que deve envolver uma perspectiva holística do uso da caça no controle populacional dos Javalis, enfocando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma multidisciplinar. É preciso além de fiscalização, estudo, criação de políticas públicas sobre o manejo adequado de espécies exóticas inseridas em ambientes diversos afim de reestabelecer o equilíbrio ecológico e erradicar a prática cruel e indiscriminada de caça sejam ela maquiada de caça esportiva que nada tem relação com prática de esporte dominada por crueldade e exibicionismo.

A caça recreativa, e este é o nome mais próximo da realidade, embora ainda assim pareça distante do que se aplica ilegalmente se apoia na necessidade de controle populacional para existir, contradizendo a constituição e respaldada por brechas na legislação que oportunizam essa demanda doentia em detrimento da funcionalidade na questão ecológica.

As instruções normativas vigentes limitam a atuação dos profissionais em controle populacional dos javalis mantendo somente como alternativa o abate que mesmo que mantenham instruções para a prática sem sofrimento, oque é subjetivo, não há fiscalização que permita e resguarde o abate ético, se é que há, e que principalmente se limite aos javalis somente.

Ao contrário do que popularmente se divulgam ditando comportamentos de agressividade e severidade de ataque, os javalis são animais que mesmo que asselvajados quando não acumulam experiências negativas com o ser humano não acometem risco. Fato este notável quando se observam javalis selvagens em outras localidades, sobretudo naturais e de origem onde não há caça e tortura destes animais. Nota-se inclusive, docilidade e convivência harmônica.

Existem alternativas de manejo promissor de Javalis respaldados em pesquisa de campo, estudos de bandos e monitoramento, captura esterilização, e trato sem a morte, porém a legislação vigente não permite solução de controle populacional que não contenha eutanásia. A caça é e pode ser uma alternativa de manejo em situações estremas e que não está distante da situação desastrosa da introdução dos javalis desde que em condições que permitam a adequada conduta, controle e eficácia, porém, diferente disto, não há no presente momento e situação da nação objetivos comum da liberação da caça o beneficio a biodiversidade.

Sem nenhum controle e fiscalização, não é possível averiguar os danos e os fatos. Nada se atesta sobre os benefícios do abate de Javalis como tem se visto além dos cruéis e exibicionistas vídeos que circulam facilmente pelas redes sociais demonstrando a farra, comumente acompanhadas de álcool, desordem e crueldade nas caçadas.

Por Beatriz Aquino

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