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Educação Ambiental, Comportamento Sustentável, Transformador. Criança e percepção.

Atualizado: 20 de jan. de 2021

A maioria dos problemas ambientais tem suas raízes em fatores sociais, econômicos, políticos, culturais e éticos. Na rotina, de maneira direta aprendemos tomar banho, limpar a casa, dirigir um automóvel, aprendemos na escola profissionalizante uma atribuição e trabalho, enfiam, a aprendizagem que se dá de varias formas, em vários aspectos e tempo histórico constante, porém, uma lacuna se forma se não direcionada de forma assertiva. Esta lacuna está dentre outros aspectos que não nego, porém não é foco deste artigo, na educação ambiental no comportamento.

Na infância, somos orientados sobre como agir em cada situação, é onde aprendemos atitudes fundamentais sobre bom senso, bom caráter ainda nas nossas relações familiares como quando a criança aprende a jogar o lixo no local correto, arrumar seu quarto, quando aprende a não gritar, falar educadamente, respeitar os mais velhos. Condutas que dependem da relação familiar, dos valores que cada uma possui e aplica em seu momento histórico e social, e se amplia na adesão a escola onde somarão e compartilharão novos valores, novas práticas e novos saberes.

Fundamental precisa ser também, aprender como coabitar um planeta de forma respeitosa e sustentável. Assim como afirma Andréoli (2018) a aprendizagem só ocorre, de fato, a partir de um conhecimento conectado com a realidade contemporânea, que nos toca em relação ao outro, principalmente daqueles que são diferentes de nós. Essa forma de realidade proporciona o deslocamento do olhar individualista para a uma dimensão social do saber.

Atuar nas condições que permitam criar percepções em cada indivíduo, que se internalize a natureza de ser e de existir de cada elemento vivo, e assim se busque mudanças de atitudes. Assim se faz educação ambiental formadora de caráter sustentável, transformador do meio.

É evidente, que ao longo dos anos, cada ser humano expressará suas preferencias e particularidades, mas ainda assim, a atenção não pode ser ignorada na condição e necessidade do outro, já que vivemos em sociedade.

No que se refere à prática escolar, onde as relações da criança com o meio se ampliam, e referente ao tema deste trabalho, a ausência de um referencial pedagógico teórico conceitual para subsidiar as práticas em Educação Ambiental consistente e contextualizada é, ainda hoje, uma importante questão. Deve-se levar em conta também que a educação ambiental não pode prescindir da concepção de uma realidade complexa que inclui diferentes elementos na sua constituição, que estão em contínua interação. (FRIGOTTO, 1998) Mesmo que tenha hoje mais atenção em se comparando as ultimas décadas ainda há muito que se compreender. É um assunto representativo ainda nos centros urbanos, onde erroneamente é desconectado como se as questões ambientais fossem somente correlatas a áreas de preservação ou ambientes naturais.

Antes de tratar do assunto educação ambiental é preciso compreender os caminhos que esta percorreu até a atualidade e de que forma se insere. O lixo, por exemplo, tem uma relação direta e grave neste contexto estudado, e que reflete significativamente nas relações ambientais, sejam elas conservacionistas, preservacionistas, de ambientes naturais ou centros urbanos. Sua relação, sobre a gestão de resíduos é direta.

A palavra lixo costuma vir carregada de significado negativo, sujeira, algo ruim, que não presta, não serve mais. Th. Weihl em seu clássico trabalho sobre limpeza urbana, afirma que o homem já traz consigo, ao nascer, um sentido de limpeza (1985). Ao longo da história das sociedades o homem produz resíduos sólidos, no dia a dia, sejam no lar ou nos processos de produção nas indústrias ou da agricultura, seja nos comércios ou serviços, tudo o que fazemos geram resíduos, nos variantes estados da matéria.

Porém, enquanto o homem ainda vivia de forma itinerante, em grupos nômades, a geração de resíduos não configurava um problema complexo. O descarte de lixo era feito sem a preocupação de dar destino adequado a ele. Somente a partir da formação as aldeias, e, sobretudo quando as cidades começam a ser formadas por volta de 4.000 a.C. o perfil do lixo e suas implicações começa se destacar.

Além deste fato histórico, no que se refere à relação humana na responsabilidade ecológica sobre o lixo, ou resíduos sólidos, em qualquer definição escolhida tem sido deixado em segundo plano no processo educativo. A palavra lixo costuma vir carregada de significado negativo, sujeira, algo ruim, que não presta, não serve mais, distante do seu papel ecológico, sustentável e educativo. Os resíduos sólidos, ou lixo, representam assim como a educação ambiental em sua amplitude, questões relativas ao social, econômico, cultural, histórico sanitário e ambiental. Não dá para desconecta-lo.

Consta a ausência de aproximação sensorial e cognitivo afetiva durante a fase do desenvolvimento infantil em questões relacionadas ao meio ambiente frequentemente deixado em segundo plano no processo educativo. Tanto nos lares e famílias, quanto na comunidade e, sobretudo, na prática pedagógica, como se fosse complementar a subsistência e não essencial a manutenção e preservação da vida.

As formações do senso crítico e afetivo às questões ambientais tem sua necessidade em iniciar ainda na infância, pois é através deste período de desenvolvimento que se transformam em futuros adultos conscientes e transmissores de conhecimentos na conservação e sustentabilidade em seu tempo histórico sejam em postura e modo de vida quanto em multiplicadores, educadores ambientais informais. Desde muito pequenos aprendemos destinar o lixo, de forma adequada ou não, descontextualizada. Oportunidades não notadas.

A quantidade de resíduos sólidos gerada diariamente pela sociedade, e que atualmente não pode mais ser ignorada, e analisando os caminhos que a educação ambiental no Brasil se inseriu até a atualidade, ainda que jovem, sabendo ainda que é na infância que o desenvolvimento sensorial e cognitivo se desenvolve e se, assertivamente estimulados, podem beneficiar comportamentos futuros, com as formações do senso crítico e afetivo às questões ambientais que este compilado poderá fundamentar sua importância de inserir, de forma sensorial e cognitivo-afetiva a educação ambiental ainda nos anos iniciais na escola, e sua necessidade pedagógica, sobretudo em gestão de resíduos sólidos.

“O homem é de fato o dominante ecológico e o seu comportamento deve ser compreendido em profundidade e não simplesmente mapeado” (TUAN, 2012, p 29). Transforma, muda, molda a seu gosto e desprezo do espaço.

Considerando que as crianças estão em fase de desenvolvimento cognitivo, supõe-se que nelas a consciência ambiental pode ser internalizada e traduzida em comportamentos mais bem sucedido se considerarem os adultos que, já formados, possuem um repertório de hábitos e comportamentos cristalizados e de difícil reorientação. O foco de uma educação dentro do novo paradigma ambiental, portanto, tenderia a compreender, para além de um ecossistema natural, um espaço de relações socioambiental historicamente configurado e dinamicamente movido pelas tensões e conflitos sociais (CARVALHO, 2001).

Segundo Porto e Gonçalves (1990), o conceito de natureza não é natural, é criado por toda e qualquer sociedade, é um conceito criado pelo homem e é nele que pauta suas atitudes, sua cultura, relações sociais etc. Neste sentido, é competência da EA contribuir para a construção coletiva do conceito de ambiente pautado na natureza.

Biologicamente, estão os seres humanos bem equipados para registrar uma diversa quantidade de estímulos ambientais. Segundo Tuan (2012) maioria das pessoas durante suas vidas fazem pouco uso de seus poderes perceptivos. A cultura e o meio ambiente determinam em grande parte quais os sentidos são privilegiados como a visão, por exemplo, privilegiada pela rapidez do mundo moderno em detrimento das demais percepções que precisam de um pouco mais de tempo para serem contemplada ou pela relação sentimental que estas trazem como o olfato, o tato, por exemplo, que remetem sentimentos e memória nem sempre favoráveis a rotina e assim, criam suas noções de ambiente, de meio ambiente ideal, distorcido do natural.

Em geral, ao se realizar a educação ambiental devem-se


identificar as representações sociais dos sujeitos, podendo ser obtidas por estudos de percepção ambiental, segundo Bispo e Oliveira (2007) e que não se trata de induzir novos comportamentos, pois isso pode ser alcançado de forma pontual sem implicar uma transformação significativa, no sentido da construção do caráter transformador do meio.


Por Beatriz de Aquino Silva

04/10/2020


Leia aqui>> https://ler.amazon.com.br/kp/embed?asin=B08CZN1XLK&preview=newtab&linkCode=kpe&ref_=cm_sw_r_kb_dp_cqdVFbP43ZYD1 ( link com leitura free do livro: Educação ambiental formadora do caráter transformador do meio.) Uma leitura fundamental. Um compilado dos melhores estudos e explanações sobre o tema que se torna a cada dia mais urgente. )







Referências:

ANDREOLI, C. V. et. al.; Resíduos sólidos: origem, classificação e soluções para a destinação final adequada. p 521- 552. 2018

BISPO, M. O.; OLIVEIRA, S. F. Lugar e cotidiano: categorias para compreensão de representações em meio ambiente e educação ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental, Cuiabá, v. 2, n. 2, p. 69-76, 2007.

CARVALHO, I. C. M. et al. Qual educação ambiental. Elementos para um debate sobre, 2001.

FRIGOTTO, G. Em Eucação e Crise do Trabalho: Perspectivas de Final de Século; Frigotto, G., org.; Vozes: Petrópolis, 1998, cap. 1.

PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. O conceito de natureza não é natural. IN: Porto-Gonçalves, CW Os (des) cami, 1990.

TUAN, Yi-Fu. Topofilia - um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Londrina. Eduel, 2012.

WEYL, Th. Überblick über die historische Entwicklung der Städtereigung bis zur Mit1) AIZEN, Mário e PECHMANN, Roberto M. Memória da limpeza urbana do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Coopin, Comlurb, 1985.

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