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Os répteis, as alterações climáticas e os impactos ambientais.

Atualizado: 20 de jan. de 2021

As alterações climáticas são um emaranhado de problemas e consequências que conforme os estudos mensuram, já são triste realidade que desordena as relações ecológicas de subsistência. São avalanches de desastres eminentes que cutucam a esperança de solução e instigam o sonho de 'pausar o tempo' como nos filmes de ficção científica e reordenar a realidade. Mas isto só é possível nos sonhos, na ficção, na arte.

O artigo apresentado, fundamenta uma realidade triste, mesmo que para alguns ainda seja só em suas mentes distante.



RESUMO:


É sabida a acelerada alteração climática global, e embora não se tenha dimensão precisa dos desastres sobre a biodiversidade, o grupo dos répteis é o que tomando a frente dos indicadores de manifestações danosas, uma vez que além da necessidade da temperatura do ambiente para a regulação da temperatura corporal, quanto pela perda de habitat, aspectos fisiológicos e comportamentais têm representado consideravelmente alterados negativamente. Os materiais estudados para realização deste artigo apontam que o aquecimento do planeta e a interferência antropológica negativa desordenada nos ambientes naturais, impulsionam para o aumento da taxa de extinção de algumas espécies faunísticas, muitas ainda desconhecidas reafirmando a necessidade de ampliar pesquisas sobre o tema e buscar medidas regulatórias e mitigatórias para homeostase das espécies e nossa própria subsistência.


Palavras-chave: alterações climáticas, répteis, fauna brasileira, ectotérmicos


Os impactos das alterações climáticas a biodiversidade, sobretudo dos repteis, principal grupo atingido sem dúvida, afetados com maior intensidade pelas mudanças climáticas. Afirmam Oliveira e Oliveira (2014) por sua característica, vertebrados ectotérmicos de sobrevivência em temperaturas ótimas elevadas, os lagartos, estudados recentemente por Viesga e Rocha (2019) que durante os períodos mais quentes do dia se abrigam, e quanto maior o tempo e aquecimento no dia menor são as chances do lagarto se alimentar e ser alimento, daí já é um entre inúmeros aspectos de desequilíbrio ambiental decorrente das alterações climáticas.

Outros aspectos relevantes referem aos répteis diante da dinâmica de alterações climáticas, enfatizado por Nunes (2014) que apesar da riqueza em biodiversidade os répteis são os que possuem previsão de risco eminente de maior gravidade como já citado ainda são pouco estudados de maneira que se possam mensurar numericamente as consequências que se apresentam desastrosas, o Brasil ainda não investe o suficiente em pesquisas para mapearmos com maior certeza ou promover medidas mitigatórias. O que se sabe, a partir de pesquisas de literatura é que assim como os autores Araújo et al., Bellard et al., (2006; 2012) defendem que podem afetar populações de animais em diversas formas tanto em suas relações ecológicas, distribuições, comportamento, reprodução, e fisiologia e que é possível esperar que estes impactos causem extinções locais ou mesmo totais de espécies e prejuízos na biodiversidade de reação em cadeia.

O Brasil possui um índice significativo de repteis endêmicos que além de fatores conservacionistas ainda há que se considerar a importância socioeconômica e farmacêutica que alguns destes répteis representam. Sobretudo de serpentes. A maioria destes animais ectotérmicos não são facilmente adaptáveis a ambientes antropizados e as alterações climáticas são significativamente danosas a sobrevivência da espécie. Assim como afirmam Lurgi et al.,(2011, 2012) as mudanças climáticas, sobretudo o aquecimento global são eminentes ameaças significativas a diversidade mundial, pontuando efeitos variados acometendo além de indivíduos, as populações e comunidades e que já são notados em todo o mundo.

Um exemplo desta situação é o fenômeno já conhecido em todo o mundo sobre a feminização das tartarugas verdes (Lepidochelys olivácea) onde o estudo observou que nos últimos anos 87% das Lepidochelys olivácea adultas analisadas são fêmeas. Esta pesquisa de Allen (2011) foi publicada na revista EL Pais (2018) aponta ainda que sem manejo e intervenção adequados e urgentes, considerando as premissas de aquecimento para os próximos anos a espécie está fadada a total feminização e consequente, portanto extinção da espécie.

A permeância e exposições frequentes a temperaturas extremas, segundo Begon afirma (2006) ser prejudiciais e acarretar em consumo energético muito além dos observáveis em condições climáticas ótimas para a manutenção da homeostase das espécies, em graus distintos equivalentes a suas particularidades e evolução das espécies. Outro fator importante pontuado pelos autores é referente à velocidade que a elevação e temperaturas se inserem, inibindo a possibilidade de adaptação ao meio. Para o Cerrado brasileiro, por exemplo, estão previstos aumentos de temperatura em torno de 3 °C até 2100 (IPCC, 2013).

No período de desenvolvimento de qualquer organismo o primeiro evento decisivo está relacionado ao início da reprodução e como defendido por diversos autores citados, além de Kawecki e Ebert, (2004) as condições ambientais afetam fatalmente os índices reprodutivos dos répteis, não exclusivamente já que animais endotérmicos também sofrem de outras maneiras, em menor intensidade mais ainda assim são prejudicadas de várias maneiras, algumas delas já mensuradas neste artigo. É para qualquer espécie-indivíduo, a reprodução bem sucedida que garantem a propagação de seus genes através das gerações futuras e auxilia no sucesso evolutivo da espécie como um todo.

A termoregulação é fundamental. Desde as funções fisiológicas gerais, comportamentais, mortalidade e natalidade e a alteração do sexo de embriões e sutis extinções inviabilizando a reprodução por déficit de compatibilidade sexual. Outro aspecto é referente ao tempo de encubação dos ovos que se altera também diante do aquecimento excessivo. Algumas espécies de tartarugas indica Yntema (1976) pode variar em até 20 dias.

É certo que, conforme os estudos aqui apresentados as condições climáticas influenciam as taxas em que reações biológicas ocorrem e consequentemente afetam a história de vida dos animais (Chapin et al., 2002). Outros autores como Helmith et al, (2005) e Duarte et al (2012) afirmam que muitas espécies viverão próximo de seus limites fisiológicos, comprometendo funções vitais e sobrevivência de espécies. A ausência de estudos, manejo e perspectiva de controle das alterações climáticas que se apresenta, não é algo futuro faz perdurar a triste incerteza de extinção de inúmeras espécies, sobretudo de répteis na dinâmica Brasileira.

REFERÊNCIAS:

ANSEDE, M. Aquecimento global transforma em fêmeas 99% de uma população de tartarugas marinhas. 2018. Disponível em: < https://brasil.elpais.com/brasil/2018/01/17/ciencia/1516210937_227287.html> Acessa em 12/10/2020


ARAUJO, M.B., et al.; Climate warming and the decline of amphibians and reptiles in Europe. Journal of Biogeography p 1712-1728, 2006.

BEGON, M; et al. Ecology: from individuals to ecosystems. 2006.

BELLARD, C., et al,. Impacts of climate change on the future of biodiversity. Ecol Lett 15, 365-377, 2012

CHAPIN, III F, et al. Princípios da Ecologia do Ecossistema Terrestre, New York: Springer. 2011


DE ALMEIDA, Max Willian Tavares. Análise cienciométrica dos efeitos das mudanças climáticas globais em vertebrados ectotérmicos. Publicação em, v. 19, p. 12, 2016.

DOS SANTOS, Adriana Maria Adrião et al. Reflexões sobre os efeitos das mudanças climáticas na biodiversidade da caatinga. Diversitas Journal, v. 1, n. 1, p. 113-118, 2016.


LURGI, M, López; et. al, Os impactos das mudanças climáticas no tamanho do corpo e na estrutura da teia alimentar no ecossistema montanhoso. Transações filosóficas da Royal Society. p 3050-3057. 2012.

OLIVEIRA, A.K.C; OLIVEIRA, I,S. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revbiologia/article/view/109115 acesso em 11-10-2-20Revista da Biologia (2014) 12: 8–15


TODD, Scott, et al. A mudança climática se correlaciona com atrasos rápidos e avanços no tempo reprodutivo em uma comunidade anfíbia. Proceedings of The Royal Society, p 2191-2197. 2011.


TOLEDO, K. Quinto relatório do IPCC mostra intensificação das mudanças climáticas. 2013. Disponível em<https://agencia.fapesp.br/quinto-relatorio-do-ipcc-mostra-intensificacao-das-mudancas-climaticas/17944/> Acesso em 15/10/2020.


VIESGA, L.D.; ROCHA, C.F D. O aquecimento global, a Amazônia e os lagartos. 2019. Disponível em: < http://chc.org.br/artigo/o-aquecimento-global-a-amazonia-e-os-lagartos/> Acesso em 15/10/2020.

KAWECKI, TJ; EBERT D. Conceptual issues in local adaptation. Ecology Letters. p. 1225-1241. 2004.

YNTEMA CL. Effects of incubation temperatures on sexual differentiation in the turtle, Chelydra serpentina. Journal of Morphology, p 453-462. 1976.

Por Beatriz de Aquino Silva

10/11/2020


Tartaruga

imagem de cristouclap por pixabay

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