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Quati, Coati (Nasua Nasua)

O Quati, Nasua nasua, é um curioso mamífero generalista pertence ao filo Chordata, classe Mammalia, ordem Carnívora e à família Procyonidae, um animal onívoro, de hábito diurno (Teixeira; Ambrósio 2007). Aparentam ter muito sincronismo no período reprodutivo nos intervalos entre outubro a dezembro, momento este que corrobora com a floração da maioria dos exemplares arbóreos frutíferos de sua preferência.

Tem ampla distribuição na América do Sul, ocupando habitats de distintas características. Há conectividade com as populações dos países vizinhos, porém não existem informações sobre a dinâmica fonte- sumidouro. No Brasil, distribui-se pela maioria dos biomas, prevalecendo na Mata Atlântica, Pantanal e Cerrado e bem adaptado as ações antrópicas e fatores abióticos distintos.

Organizam-se em grupos sociais peculiares, com bandos compostos por fêmeas adultas e filhotes e juvenis ou machos adultos solitários que se unem ao bando para reprodução (Bonatti, 2006) devido seu perfil de interação agonística. São frequentemente repelidos do grupo quando se aproximam do bando fora do período reprodutivo. A estes é permitido que acompanhem o bando, mas sem integrar o grupo. Sua organização social divide hábitos noturnos e diurnos entre fêmeas, filhotes e machos para segurança dos ninhos, ninhada, alimentação e forrageio. Hábitos de forrageamento em grupos sociais é comum segundo Garcia et al, 2017.

Apesar de se adaptam rapidamente a alterações antrópicas sofrem pela relação ecológica desarmônica de parasitismo a que ficam expostos oriundos de animais domésticos que predam e da ocorrência e invasão de cães errantes em áreas naturais competindo pela caça de animais menores. Sobre a predação, Mendes et al (2005) explica que é comum relatos de incidentes com as criações domésticas em municípios rurais e matas ciliares de ocorrência que favorecem também a contaminação de Nasuá por parasitoses. Ainda mantém suas populações e organizações sociais amplas distribuídas pelos biomas brasileiros, classifica-se, portanto, em espécie Menos Preocupante em risco de extinção (GARCIA, 2017).

Trata-se de indivíduos de organizações e relações ecológicas abundantes decorrente de seu perfil generalista e peculiaridade na maneira cíclica de intervalar seus nichos e habitat. São, em decorrência de hábitos de forrageio, segundo Santos e Beisegel (2006) e consumo amplo de frutas regionais provedores de serviço ecossistêmico de regeneração florestal, como dispersor de uma alta variedade de espécies de sementes que se mantem intactas na defecação e com efetivo potencial de germinação segundo estudos realizados por Alvez, et al;(1998) e que embora estas sementes ainda possam ser dispersadas por aves e outros mamíferos, o tempo de retenção das sementes no tubo digestivo dos Quatis quebram a dormência e elevam o potencial de germinação das plântulas.

Possuem nidificação específica para descanso, dormida e reprodução arbórea mantendo uma relação harmônica de inquilinismo preferindo as árvores altas e robustas para ninhos reprodutivos como Tarumã (Vitex cymosa), o Gonçalo (Astronium fraxinifolium) e uma menor exigência para ninhos de dormida na ausência de arvores frondosas como o acuri (Attalea phalerata) e em menor frequência a Figueira (Ficus sp.) Para a reprodução, as fêmeas deixam os bandos mantendo-se nos ninhos por longos períodos.

Os Quatis não utilizaram os habitats de forma aleatória, eles selecionaram florestas em detrimento dos outros habitats mais abertos. Manchas florestais e campo sujos são suas preferências e não permanentes. Utilizam o mesmo lugar de nidificação cerca de dois dias e depois trocam de lugar de maneira cíclica tornando a repeti-lo depois de um período que não se sabe ao certo os fatores motivadores ou a relação dos intervalos, mas apenas que estes ciclos se mantêm até que as condições favoráveis de alimentação e abrigo se esvaiam.

Oque os estudos apresentam a área de escolha dos Quatis é variável e pode ainda estar associada aos cursos de água como explica Bonatti (2006) e que, estas escolhas como defendem Manly et al., (2002) são realizadas com objetivo de manter a sobrevivência dos grupos em níveis ótimos com sucesso reprodutivo e preferencialmente em regiões onde os recursos sejam de alta qualidade e baixo custo energético para obtenção, ou seja, as interações desarmônicas de competição e predação sejam menores. Quando há alta concorrência, os grupos sociais iniciam um novo ciclo numa nova área formando um novo nicho ecológico. Este hábito depende também, segundo Garcia (2017) da capacidade de renovação dos recursos ou da intensidade de exploração das manchas de habitat, os animais podem variar o tempo de permanência e a frequência de visitas para esses locais.

O tamanho dos bandos é diverso diante de seu comportamento peculiar de migração, emigração, fissão, nascimento e morte. Poucos estudos existem sobre os comportamentos e dispersão dos Quatis o que demonstra, apesar de uma posição favorável em risco de extinção, a ampliação de estudos considerando as relações ecológicas e serviços ecossistêmicos que promove além de sua adaptabilidade a diferentes habitats.

Quatis: Nasua Narita, Nasua Nasua, Nasua Nelsoni


Outras espécies de Quati, como o Nasua Narita e o Nasua Nelsoni possuem similar perfil comportamental e distribuição. Sobre o Nasua Nelsoni, alguns estudos reconhecem o Nelsoni como uma subespécie do Narita.


REFERENCIAS


ALVES-COSTA, C. P. et al. Frugivoria e dispersão de sementes por quatis (Procyonidae: Nasua nasua) no Parque nas Mangabeiras, Belo Horizonte, MG. 1998.

BONATTI, Juliano. Uso e seleção de hábitat, atividade diária e comportamento de Nasua nasua (Linnaeus, 1766)(Carnivora; Procyonidae) na Ilha do Campeche, Florianópolis, Santa Catarina. 2006.

GARCIA, C. M., Ecologia espacial e biologia social de quatis (Carnivora: Nasua nasua) em uma área do Pantanal da Nhecolândia. Dissertação, UFMS. Out 2017Disponível em: <https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1087654/1/Dissertacaogarcia.pdf> Acesso em 09/01/2021

PIERI, N. CG et al. Classificação morfofuncional dos dentes de quati, Nasua nasua. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 31, n. 5, p. 447-451, 2011.

ROCHA; MENDES, F. et al. Mamíferos do município de Fênix, Paraná, Brasil: etnozoologia e conservação. Revista Brasileira de Zoologia, v. 22, n. 4, p. 991-1002, 2005.

SANTOS, V. A; BEISIEGEL, B. B. A dieta de Nasua nasua (Linnaeus, 1766) no Parque Ecológico do Tietê, SP1. R. bras. Zoo., 2006.

TEIXEIRA, R.H.F.; AMBROSIO, S.R. Carnívora, Procyonidae (mão pelada, quati, jupará), p.571-573. In: Cuba Z.S., Silva J.C.R. CatãoDias J.L. (Eds), Tratado de Animais Selvagens. Editora Roca, São Paulo, 2007.

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