EMPATIA NA ESCOLA. Empatia para o aprendizado
- Beatriz de Aquino
- 26 de nov. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 30 de nov. de 2020
Empatia pode ser ensinada! É prática de comportamento transformador e deve ser ensinado, aprendido e coadjuvante da aprendizagem e que tal começar pelas crianças?
Antes de pensar na importância da empatia no aprendizado é preciso perceber se estamos atentos ao significado da palavra empatia e como ela se manifesta no comportamento.
A empatia nada mais é do que o nome que se dá quando se coloca no lugar do outro. E ter empatia não é tão fácil como parece ou deveria ser. Isto porque envolve enxergar as coisas de uma perspectiva diferente da sua. Parece simples, mas na atualidade, e com o mundo cada vez mais competitivo e com as pessoas interagindo cada vez mais via redes sociais e menos olho no olho a inversão de valores tornou-se mais evidente e a necessidade de retomar a esta premissa básica de convivência satisfatória que pressupõe o aprendizado eficiente se perde. Assunto este que os autores Motta et al (2017) pontuam num estudo, cujo link consta na referência assim como outros que valem apena ser estudados, como uma problemática muito preocupante, intimamente relacionado a uma crise generalizada de compaixão, que se revela, por exemplo, na violência entre jovens, uma inquietação mundial, mas particularmente grave para o Brasil.
Um dos desafios presentes no processo da Educação Infantil e que vem merecendo atenção de diversas áreas da ciência, dedicadas à interação social, comportamento humano e educação, é a agressividade na infância. Isso vem acontecendo por sua íntima ligação com fatores de risco ao desenvolvimento e à aprendizagem. (PAVARINO,2005 p217).
O professor é peça chave para promover oportunidades para o desenvolvimento do comportamento empático em seus alunos, servindo de modelo na expressão desta habilidade e propiciando estratégias e mediação. É fundamental que entenda que precisa ser o exemplo desta prática que muito mais que uma prática deveria ser uma atitude e assim refletida, porém e não diferente em outras carreiras está em falta.
E no aprendizado não é diferente. É preciso o professor estar atendo as atitudes, as suas e as dos educandos, nas respostas e comportamentos dos aluno, nos sinais e tentar compreender o porque.
Alunos nunca são vazios, pessoas, em quaisquer fases de desenvolvimento pessoas nunca são vazias. Sejam crianças, sejam adultos. Todos possuem uma história que os fez e os fazem ser o que são e como são e todos são suscetíveis a mediação, moderação e de aprender. É necessário que se tente compreender o que está por trás dos comportamentos, da atitude do outro. Este é o primeiro passo para ajudá-los.
Importante que a empatia seja frequente, constante, comportamento transformador e aplicado em todas as práticas e rotinas escolares em todos os seus níveis, que sejam desenvolvidos a empatia cognitiva que é quando a pessoa amplia sua capacidade de compreender o que a outra pessoa sente; A empatia emocional que é a possibilidade se sentir fisicamente as emoções do outro de maneira controlada e a compassiva quando além de sentir as emoções e entender os problemas de outras pessoas a é capaz de intervir de maneira elegante, propondo ajudar.
Em contra partida a agressividade está associada a vários problemas no desenvolvimento infantil, com evidências de correlação inversa com a empatia que é vista como um possível inibidor de tais comportamentos como afirmam Pavarino et al (2005).
É claro que não é uma prática simples. A maioria das teorias na prática não é de fato, mas tem valor, e resultado tanto local (sala de aula> escola> casa> comunidade> mundo) quanto quem sabe global.
Com a empatia, é possível possibilitar, por exemplo, que os alunos desenvolvem a habilidade de escutar e trabalhar em grupo; O sentimento de pertencimento, de sentir-se amparados. Sentimentos estes que segundo a teoria da pirâmide de Maslow, que elenca amor e pertencimento como uma necessidade social, importante para a motivação da pessoa, em estudos do psicólogo americano Abraham Harold Maslow de meados de 1900, Além de compartilhar estas sensações tanto pelos educadores quanto por seus colegas e amigos.
A empatia na escola proporciona possibilidades de as crianças aprendam a moderar a maneira de falar, pensar antes de agir, a serem mais compreensivas, exercita a tolerância.
O controle do impulso de reação imediata à comunicação do interlocutor, a concentração na visão e sentimentos deste, a observação de sinais não verbais presentes na comunicação, o controle da defensiva, da paciência, sinceridade e disposição para ouvir são fatores importantes para o desenvolvimento da habilidade empática (Araújo; Del Prette, 2000).
Tudo isto se reflete na mitigação do bullying que acomete muitas crianças, como adolescentes, adultos, enfim. A violência entre jovens evidencia a necessidade do desenvolvimento de projetos que visem à inibição de comportamentos violentos e à promoção de comportamentos antagônicos, como a empatia. Mesmo na infância é notado os impactos negativos com patologias como depressão por exemplo e outros.
Zabala (1998:42-48) aborda os conteúdos em três categorias atitudinais, conceituais e procedimentais. Onde a empatia refere aos conteúdos atitudinais na formação de atitudes e valores em relação à informação recebida, visando a intervenção do aluno em sua realidade.
É triste perceber o aumento e ausência da empatia. Reflexo disto é que agressividade entre crianças e adolescentes tem justificado a realizaçao de muitos estudos sobre empatia, dada a correlação inversa entre estas duas variáveis (Pavarino, Del Prette 1997).
Diante do que temos, e sabendo o valor da empatia, reconhecendo que esta atitude no aprendizado é fundamental para inúmeros avanços e que diferente de dizer sim a tudo é se colocar no lugar do outro, entender os seus motivos e ajuda-lo na melhora e não mimá-lo. Entender que é questão de atitude, respaldada pela fundamentação é amplamente necessária para a aprendizagem ativa, para a formação do comportamento transformador do meio e deve sempre e incansavelmente ser aplicada.
Projetos de incentivos, condutas, metodologias ativas, ampliar estudos, respaldar-se de conhecimento científico disponível e sobretudo da vontade de fazer melhor para todos e mesmo que não salve o mundo, que preserve a nós mesmo e o próximo e que fortalecem a necessidade e importância dos desempenhos da escola em habilidades sociais e práticas que fomentem a empatia que são, sem duvidas progressivamente aperfeiçoadas.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, A.; DEL PRETTE, A. Acompanhamento terapêutico e reabilitação psicossocial: resultados de uma pesquisa-intervenção. Em Z. A. Trindade & A. N. Andrade (Orgs.),Psicologia e saúde: Um campo em construção (pp. 101-128).São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.
CAMARGO, F.; DAROS, T. A sala de aula inovadora – estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo. Ed. Penso, 144. 2018.
DEL PRETTE, A. P. Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: questões conceituais, avaliação e intervenção. São Paulo: Editora Alínea, 2003.
LÚZIA. A M. S.; Panorama da Educação Brasileira Frente ao Terceiro Milênio. Revista Eletrônica de Ciências. São Paulo, 08 de set. de 2008.
MOTTA, D. C. et al. Programa para a promoção da empatia em sala de aula. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, v. 13, n. 2, p. 122-130, 2017. Disponível em:<http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbtc/v13n2/v13n2a07.pdf> Acesso em 21/12/2020
PAVARINO, M. G., ; DEL PRETTE, Z. A. Agressividade e empatia na infância: Um estudo correlacional com pré-escolares. Interação em Psicologia, 9,215-225, 2005. Disponivel em:< https://revistas.ufpr.br/psicologia/article/view/4799/3682> Acesso em 24/11/2020
ZABALA, A. Como trabalhar os conteúdos procedimentais em sala de aula. São Paulo: Artimed, 1999.
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