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Fragmentação Florestal

Atualizado: 12 de dez. de 2020



Antes de apresentar este estudo, eu gostaria de explicar ao leitor porque foi para mim importante faze-lo, e para isso, contarei uma história.


Já é de natureza humana contar histórias. É assim que transmitimos nosso conhecimento ao longo do tempo. Há quem diga que o contar de histórias iniciou-se quando o homem inventou a escrita, e há quem diga que a humanidade começa quando iniciamos a contar histórias. Não sei qual das alternativas é a correta, mas a origem do ‘contar’ não importa neste momento.


O fato é que o homem começou dar significado e transmitir informações ainda na pré-história, com as pinturas rupestres em paredes das cavernas. Contavam suas histórias em desenhos, e quem as interpreta reconta, e são contadas até hoje. Assim como tantas que compõem esta pesquisa.


Caro leitor, já se perguntou por que as histórias fazem tanto sentido para nós, nos movem tanto? Nos motiva? Emocionam-nos, nos ensinam?

Se não tem esta resposta, acompanhe-me. Quem sabe esta história que vou contar, possa lhe responder.


Esta história, um prelo do estudo, objetivo deste trabalho é sobre o porquê do foco de ser a Mata Atlântica, porque a fragmentação florestal e os impactos à biodiversidade me moveram e movem até hoje.


Eu gostaria de traçar aqui linhas mágicas, otimistas sobre o assunto, mas não posso fazê-lo, pois não é a realizada nem o motivador. O desenrolar é pelo erro, o tempo, o desvalor que o ser humano dá e deu aos ambientes naturais e os fatores que o mantém.


Pois bem, Eis a história:


Passei a infância descendo a Serra do Mar com meus três irmãos, minha mãe e meu pai ao volante com destino a praia. Mas a praia nunca foi o meu único objetivo e prazer no passeio.


Enquanto todos os três irmãos dormiam um sobre os ombros dos outros no banco de trás do carro popular e apertado, a minha escolha sempre foi de sentar à janela, já que diferente deles, eu não dormia. Passava o caminho observando o verde da muralha viva que para mim não tinha nome. Eu olhava tudo a minha volta pela janela do carro durante o passeio e era impossível não notar a magnifica diversidade da vida: A Muralha se movendo.


Uma muralha de fato, em uma infinidade de tons de verdes salpicados de amarelo que passavam tão rápido e ainda assim me hipnotizavam. Uma quantidade tão grande dos mais variados tamanhos de exemplares arbóreos, flores, arbustos, herbáceas e cipós.


Nas paradas pelo caminho, quase sempre numa bica, ou riacho insurgente, era fácil encontrar borboletas de muitas cores, aranhas, besouros, alguns passarinhos que ainda não tinham nome também além de algumas surpresas com tatu, preguiça, saguis e tucano. Tudo compondo uma mágica harmonia.


Nas paradas pelo caminho, quase sempre numa bica, ou riacho insurgente, era fácil encontrar borboletas de muitas cores, aranhas, besouros, alguns passarinhos que ainda não tinham nome também além de algumas surpresas com tatu, preguiça, saguis e tucano. Tudo compondo uma mágica harmonia.


Era encantado aos meus olhos de criança. Como num conto de fadas e eu não fazia ideia de que aquela muralha, e que em alguns pontos de altitude na estrada mais parecia um “mar de morros” como nomeia o geógrafo AzizAb’saber e que hoje tenho ciência, mas que para a época, não fazia conta que se tratava da Mata Atlântica, e nem tão pouco nomeá-la era relevante para a experiência sensorial que se fazia a cada passeio e somente de longe.


Entrar na mata, se fazia somente no meu imaginário de criança, nas fantasias e aventuras que eu ia criando e que em minha mente ficavam guardadas, contadas só para mim. Um universo meu e da mata.


Enquanto a infância ia embora, aquela visão do infinito verde, a cada passada tomava forma. O olhar alcançava o mais distante e mais árvores e mais mato e mais cores, tons de verde, salpicados em amarelo.


Os anos se passaram e a cada retorno novos tons apareciam e ganhavam espaço entre a muralha verde. Tons de marrom, de terra marrom e por vezes avermelhada em descampados, de cinza, de concreto que crescia na mata por toda parte.


A muralha que eu avistava na infância já não era mais a mesma, perdia espaço muito rapidamente para a mineração, exploração, construção civil.


A diversidade de árvores que eu avistava antes já não está mais presente. A quantidade de bananeiras e jaqueiras se espalhou pelas encostas das estradas. E os bichos? Nunca mais vi algum. A bica que na infância era parada para molhar os pés hoje cheira mal e não têm mais peixinhos, o cheiro é de esgoto. O entorno já não parece seguro para uma parada rápida de contemplação e quase na há oque contemplar.


Dá saudade da infância.


Foi à fragmentação, o desenvolvimento comercial e industrial, a expansão do capitalismo? A maldade, a fúria? A pobreza? O desgosto da natureza, a ambição, necessidade? O que foi? Porque aquela paisagem mudou tanto?


À medida que eu crescia, as perguntas se acumulavam, mas o encanto nunca desapareceu. Proporcional ao desgaste das paisagens foi meu interesse por ela.


O tempo passou.


A pouco mais de seis anos desta publicação, o que eu conhecia na infância já não existia mais, se transformou, mudou, reconfigurou e ainda assim, em seu novo formato, um pouco vazio e triste em alguns aspectos não diminui o encanto, o sonho e a saudade.


Mas a vida me reservou um presente. Uma oportunidade para voluntariar longe de casa me reaproximou da Mata Atlântica e de uma maneira suprema. No outro lado do mapa pude além de aprender e contribuir realizando um trabalho valioso, delicioso, me reconectar com a Mata. Aquela experiência sensorial da infância, agora fundamentada em teorias me deu um novo olhar. Os animais fantásticos que eu criava na mente quando criança agora tinha o seu lugar ocupado pelo real. Eu havia adentrado a Mata ou a Mata havia entrado em mim?


Enquanto conto esta história e já a contei antes de escrevê-la algumas vezes a sensação é a mesma: de estar lá, no meio da floresta, e se fecho os olhos: os cheiros, os sons, as sensações, me lembro da temperatura, do frescor e do sabor de cada fruta. Tanta vida junta e em tão pouco espaço. A temperatura fresca e úmida da floresta numa região de clima quente me vem à mente e sinto na pele, a cada lembrança.


O fantástico da infância encontra seu lugar, volta à mente da agora quase adulta e que faz ainda mais intensa a duvida e o lamento sobre a fração de floresta que se acabou com o tempo, se espedaçou, ficou na infância. E este pedaço? E se este pedaço também não sobreviver? E como este, eu sei que existem tantos outros e que como este estão em risco. É aqui que se multiplica a duvida, do oque, do por que, como e para quem.


A resposta destas questões, representadas nesta história, está e o empenho neste estudo, elaborados á partir de histórias contadas, de rastreios em papeis e documentos, estudos e bibliografias respeitáveis, e pesquisas antes espalhadas pelos espaços de inúmeros estudos que aqui se encontram compilados e dão norte para a razão de fazê-lo e espero, mesmo sem trazer um ponto final, que fiquem as vírgulas, para continuidade, pela busca e um dia, a solução.

Por Beatriz de Aquino Silva


1. Introdução

Em virtude de sua riqueza biológica e níveis de ameaça, a Mata Atlântica, ao lado de outras 33 regiões localizadas em diferentes partes do planeta, foi apontada como um dos hotspots mundiais, ou seja, uma das prioridades para a conservação de biodiversidade em todo o mundo (Myers et al., 2000; Mittermeier et al., 2004)


Proporcional a importância dos ambientes naturais é a fragmentação florestal que se tornou uma das maiores consequência das ações antrópicas na dinâmica de exploração da terra sobretudo em relação à fragmentação de habitats e impactos a biodiversidade sobrepondo até as mudanças consequentes das ações naturais de evolução, adaptação e extinções em massa. Desde o início da colonização do Brasil, a Mata Atlântica vem sofrendo grande exploração e desmatamento desenfreado culminando em sua redução extrema de área e fragmentação.


A partir da década de 1930, uma solução se imaginou com a ideia de mitigar os impactos á biodiversidade com a criação da primeira unidade de conservação, porém sem o sucesso esperado considerando que a limitação da área de unidades de conservação com territórios insuficientes não mantinham condições para a restauração do equilíbrio ecológico além do efeito de borda que tem acentuado os prejuízos irreversíveis ao meio ambiente e na unidade de conservação.


O futuro da Mata Atlântica certamente dependerá do manejo de espécies e ecossistema se quiser garantir a proteção da sua biodiversidade em longo prazo. No entanto, a conservação e a recuperação desse hotspot constitui um grande desafio, visto que as estratégias, ações e intervenções necessárias esbarram em dificuldades impostas pelo estado fragmentado do conhecimento sobre o .........................................................................................................

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Livro capa comum distribuído por: https://loja.uiclap.com/titulo/ua1943/


E-book distribuído por: https://www.amazon.com.br/MATA-ATL%C3%82NTICA-Fragmenta%C3%A7%C3%A3o-Florestal-Biodiversidade-ebook/dp/B08CTVG6SK

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